Como surgiu o movimento Setembro Amarelo
- CA FAMERV
- 24 de out. de 2020
- 3 min de leitura

O movimento Setembro Amarelo vem sendo cada vez mais difundido na cultura do nosso país. Trata-se de uma campanha que teve início aqui no Brasil somente em 2015, e que visa conscientizar as pessoas sobre o suicídio, bem como evitar o seu acontecimento. Você sabe como e quando surgiu esse movimento? Falaremos um pouco sobre isso por aqui.
Por Pedro Henrique Pacheco Monteiro.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada 40 segundos, uma pessoa comete suicídio em algum lugar do planeta. Ou seja, em um ano, mais de 800 mil pessoas perdem sua vida dessa maneira. Dados levantados pela instituição em 2016 também apontam que suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens com idades entre 15 e 29 anos. O assunto geralmente é envolto em tabus, e a organização da campanha acredita que falar sobre o mesmo é uma forma de entender quem passa por situações que levem a ideais suicidas, podendo ser ajudadas se identificadas ainda no início, antes que algo pior aconteça. Quando a OMS escolheu a cor amarela para representar a luta contra o suicídio, muitos pensaram que fora uma escolha aleatória. Mas, pelo contrário, a decisão foi inspirada em uma história trágica da década de 90, que serviu para motivar pessoas de todos os lugares do mundo a procurarem ajuda.
A história real que inspirou a cor amarela como símbolo da prevenção do suicídio envolve Mike Emme, um jovem que morava em Westminster, no Colorado, Estados Unidos. O rapaz era conhecido como Mustang Mike, pois havia comprado um modelo antigo do automóvel Ford Mustang, e trabalhou sem parar até recuperá-lo por completo; no fim, o pintou de amarelo, criando assim seu apelido. Mike era apaixonado por seu carro e amado por seus amigos e família. Todos o viam como um garoto entusiasmado com a vida, engraçado e caridoso. Ninguém poderia imaginar o que ele, verdadeiramente, estava passando. No dia 8 setembro de 1994, às 23:52 da noite, seus pais chegaram em casa e se depararam com uma cena que mudaria a vida de todos para sempre. Mike Emme estava morto dentro de seu tão amado Mustang amarelo, em decorrência de um tiro. Ao seu lado um triste bilhete: “Mãe, pai, não se culpem. Eu amo vocês. Com amor, Mike. 11:45 pm”. Os pais, Dale e Darlene Emme, ficaram devastados. E se perguntaram: se tivessem chegado sete minutos antes poderiam ter evitado essa tragédia? Esse questionamento motivou o casal a incentivar outros jovens que estivessem passando por problemas semelhantes a procurarem ajuda. Para isso, planejaram um detalhe especial para o dia do enterro do filho, que partira com apenas 17 anos. No sepultamento do garoto, seus amigos e parentes levaram uma grande cesta: nela havia centenas de cartões e cada um estava preso a uma fita amarela — em homenagem ao carro de Mike e sua memória. Nos papéis uma mensagem simples: “Se você precisar, peça ajuda”.
Ao final da cerimônia todos os bilhetes haviam sido entregues e, para a surpresa da família Emme, dias depois, ligações de todos os lugares começaram a chegar. Pessoas pedindo apoio e confessando seus problemas e medos. Foi quando a ideia de uma organização surgiu: a Yellow Ribbon (Fita Amarela, em tradução livre). Uma entidade sem fins lucrativos que promovem a conscientização de doenças que ainda são tratadas como tabu. Nos últimos 25 anos, foram entregues quase 20 milhões de cartões, segundo a própria instituição, conseguindo, assim, salvar 114 mil vidas. O movimento que começou tragicamente com a perda de um jovem promissor, hoje faz a diferença no mundo e busca mostrar que toda vida vale a pena.
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